edição 17
| junho de 2007
a menina que construía pontes Dedico este poema a todos que um dia construíram uma
ponte e aos que
estão tentando construir uma Desde pequena, Ana estava
fadada a construir pontes Construía pontes de açúcar
entre o doce e o melado Construía pontes de linhas
entre o ponto e uma curva Construía pontes de risos
entre uma piada e outra Construía pontes de amor
entre o menino e a menina Construía pontes sem fim
entre a imaginação e a liberdade Construia pontes entre um
olhar e outro Construía pontes sem
fim Construía pontes de reunião
entre dois amigos ausentes Construía pontes entre a
saudade e a distância Construía pontes entre o
medo real e o medo imaginário Construía pontes minímas e
máximas Construía pontes entre um
mimo e outro Construía pontes entre o
erro e o acerto Construía pontes entre o
falso e o verdadeiro Construía pontes entre o
orvalho e a seiva Construía pontes entre o
sonho e o pesadelo Construía pontes sem
fim Construía pontes de água
entre o rio e o oceano Construía pontes de poeira
entre um grão de areia e a pérola Construía pontes de flores
entre o beija-flor e o beijo Construía pontes de algodão
entre o macio e o branco Construía pontes sem
fim Construía pontes entre a
poesia e a prosa Construía pontes entre o sim
e o não Construía pontes entre a
vida e a morte
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