fica
mais, só um pouco, querida apenas
esquentei os motores no
seu corpo que é um rio, quero
explorar a margem esquerda, nadar
pelo meio e
tocar a margem direita, assim
como fizemos o outro dia, por
que não sai logo do banheiro? sempre
leva tanto tempo, me
impacienta, tem
que ser sempre depois
de um amor quente? essa
rotina da mulher pular da cama logo
depois do último gemido mata
toda a poesia, querida,
venha logo, gosto
de ver suas longas pernas e
suas pulseiras nos tornozelos, todos
os meus poemas dessa semana serão
sobre você querida, enquadrada
na porta do banheiro entrando
apressada com a toalha entre as pernas e
saindo preguiçosa com a toalha enrolada na cabeça
soneto
tainha deitei
às onze zonza de cansaço ê
poeira do dia ardendo o zóio um
vento vem golpeia e eu me encoio no
aperto do meu peito com meu braço rotina
dessa vida é o chão que traço na
vassoura da creche aonde eu óio os
menino capeta os trigo joio a
vida é uma colheita no mormaço quando
eu morrer vai ser que nem tainha nada
tanto e arrastada com mais cem tainha
por tainha enreda a linha eu
nasci pra pataco e não vintém mas
vou virar o peixe da fezinha que
o caiçara dá pro seu santo, amém
medida
a
esfera despede-se asfalto
flamejante íris
menores vista
que se apaga sem
surpresas onde
a saudade é
rotina e
é supérflua
|